Entramos no outono, época que eu, particularmente, adoro! Apesar de não sermos agraciados com aquelas belas árvores com folhas secas e em tons terrosos, eu acho essa estação linda e agradável. Na verdade eu gosto muito das estações “médias”, que são o outono e a primavera.

Já vimos aqui que os doshas estão presentes em tudo na natureza, inclusive alguns doshas se fazem mais presentes em algumas estações. O outono, na maioria dos lugares, costuma ser tipicamente Vata. Com temperaturas mais baixas e tempo mais seco, com vento, ele apresenta as qualidades de vata dosha, ou seja, leve, seco, móvel e frio.
Isso quer dizer que há um aumento de vata dosha no ambiente/natureza, e, por sua vez, em todos nós, independente se sua prakriti (constituição original). Quem já tem predomínio desse dosha deve prestar uma atenção ainda mais especial ao seu estado de equilíbrio.

No Ayurveda, semelhante aumenta semelhante, por isso, para equilibramos um dosha que está em excesso, temos que aumentar os atributos, ou as qualidades, opostas à ele. Se o outono apresenta características de vata, procuramos então aumentar aquilo que vai pacificar vata dosha: calor, umidade, densidade e “aterramento”.

Podemos atingir esse equilíbrio de diversas formas, e hoje veremos algumas aqui.

1 – Alimentação:

No outono, e nas dietas pacificadoras de vata, devemos procurar nos alimentar de comidas cozidas, quentes, de sabores mais doce, salgado e azedo (ou ácido), e com especiarias.

A natureza é sábia e fornece os alimentos por épocas (quando são orgânicos, porque no mercado você encontra praticamente todos os alimentos o ano todo), para que tenhamos à nossa disposição aquilo que será melhor pro nosso corpo em cada estação.
Abóbora, beterraba, chuchu, espinafre, abacate, abobrinha, cará, inhame, aipim, batata baroa, erva doce, caqui, kiwi, tangerina, banana e côco são alguns dos alimentos que estão na safra nessa época do ano, e são ótimos para Vata. Alimentos com densidade e gorduras boas, que aterram, oleiam e hidratam Vata.

Para temperar e preparar sua comida, use manjericão, canela, erva doce, orégano, cravo, tomilho, gergelim, cardamomo, alho, gengibre e açafrão (sem excesso).

Dicas de preparações: Batata doce com tahine, creme de abóbora com ervas, mingau de aveia com leite de côco e especiarias.

2 – Yoga:

A prática de yoga e meditação é ótima para equilibrar todos nós, o que difere é o tipo de prática que será escolhida, dada o desequilíbrio que a pessoa apresenta, ou seu dosha predominante.

Para pacificar vata, devemos escolher práticas que trabalham mais constância e estabilidade, do que uma prática muito movimentada. O excesso de movimento desequilibra vata.
Procurar usar asanas que trabalham mais os músculos também é muito interessante para equilibrar vata, pois usando a força muscular, aquecemos o corpo. Trabalhar muito com asanas de alongamento esfria mais o corpo, o que não seria tão interessante numa prática de pacificação de vata.

Práticas em que o yogi sua descompensadamente, como a hot yoga, também não são indicados para vata. O excesso de suor desidrata, e seca ainda mais o vata, que já é bem seco.
O suor não deve ser temido, porém não deveria ser o foco.

Meditar é um santo remédio para vata, porém, justamente pelas suas qualidades de leveza e movimento, pode ser uma tarefa árdua. Vata é ar e éter, então é muito fácil para ele se dispersar, pois sua mente está sempre em movimento.
Já ouviu dizer que o que define se algo será remédio ou veneno é como é utilizado? Pois bem, o excesso de meditação também pode ser prejudicial pra vata, exatamente pelos motivos que falei acima. Cada pessoa deve achar o que funciona para si.

Outra técnica do yoga que é muito bem vinda é o Nadi Shodhana Pranayama, ou seja, a respiração das narinas alternadas. Onde você exala e inspira por uma narina sozinha, e depois por outra. Essa respiração equilibra nossa energia, trabalhando de forma alternada nossos dois hemisférios. E equilíbrio é tudo que vata precisa!

3 – Auto massagem:

Massagem com óleo é muito importante para a saúde de vata, que tem tendência a apresentar articulações bem secas, que estalam com facilidade. Essa falta de lubrificação, a longo prazo, pode levar a artite e outras complicações por desgaste.

O óleo de gergelim é o melhor óleo para a massagem (e também pode ser usado na alimentação) de vata. Ele é denso e tem virya quente, e isso nutre e aterra vata. Mas o óleo de amêndoas também é uma excelente escolha.
Quem já é mais vata deve usar uma quantidade boa de óleo morno, quem já é mais pitta ou kapha, deve observar como está no dia, e, muito provavelmente, usar uma quantidade (bem) menor. Para pitta, por exemplo, é indicado o óleo de côco para massagem, por ser um óleo que esfria (mesmo estando morno, pois aqui falamos de potência, não de temperatura). Porém, isso não quer dizer que um pitta que está desequilibrado em vata não possa usar um pouco de óleo de gergelim. A auto observação e o bom senso vão auxiliar na escolha do óleo.

Sei que fazer auto massagem todo dia não é viável para muitos, mas se você conseguir fazer isso 2 ou 3x na semana, já será maravilhoso!

4 – Aromaterapia:

Óleos que acalmam, centram, aterram e equilibram são grandes aliados de um vata desequilibrado. Algumas sugestões são laranja doce, canela, cedro, lavanda, ylang ylang e olíbano.
Você pode adicionar umas gotas no óleo de gergelim ou de amêndoas, quando for fazer a massagem, pode usar uma gotinha na mão e inalar, antes de fazer seu pranayama e/ou meditação, e pode colocar num difusor no quarto. Opção é que não falta!

5 – Rotina:

Vatas não são muito fãs de rotina, mas manter uma rotina é muito importante para manter o equilíbrio de vata.
Não importa se você trabalha na rua ou faz home office, pare um tempinho e procure organizar o seu dia a dia, incluindo não só o momento do trabalho, mas também da sua atividade física, da meditação e da auto massagem.
Estabeleça horários para acordar, ir dormir e fazer suas refeições. Isso será de grande valia para a saúde e funcionamento do organismo de vata.