Mais de 55 milhões de pessoas, em todo o mundo, vivem com demência. Estima-se que esse número de aumente drasticamente para 153 milhões, até 2050. No Brasil, estudos mostram que 1.800.000 de idosos apresentam algum tipo de demência, e mais de 2.300.000 pessoas apresentam algum tipo de prejuízo cognitivo.
A demência engloba um grupo de deoenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e ainda não tem cura, porém não deve ser vista como um caminho inevitável. Existem muitos fatores de risco que são intimamente ligados ao estilo de vida, como sedentarismo, hipertensão e diabetes. Ou seja, podem e devem ser monitorados, evitados e controlados, afim de reduzir o risco de desenvolvimento de doenças demenciais.
A cada ano que passa, novos estudos procuram entender mais sobre o desenvolvimento e possíveis tratamentos dessa doença. Um fator de risco que vem sendo amplamente estudado é a perda auditiva.
Existe um amplo número de estudos que mostram uma associação entre a perda auditiva e o desenvolvimento de demências. Os mecanimos pelos quais essa associação acontece ainda não estão completamente claros, e algumas hipóteses vem sendo observadas. Um estudo de 2020, da revista Neuron, mostra pelo menos quatro mecanismos. Um deles seria o fato de que a redução da capacidade auditiva leve à uma diminuição no estímulo de processamentos cognitivos. Isto é, essa perda auditiva poderia criar um ambiente “pobre” em questão de estímulos neurais, particularmente em áreas como fala e linguagem, e isso poderia afetar negativamente tanto a função como a estrutura cerebral. E essas mudanças, tanto estruturais, quanto funcionais, levariam a esse aumento no risco de desenvolvimento de demência.
Talvez você esteja se perguntando, “mas e as pessoas que nasceram ou se tornaram deficientes auditivas?”. Para aqueles que já nasceram surdos e usam linguagem de sinais, não há hoje estudos que mostrem que há uma maior ou menos incidência, comparado a indivíduos à população geral, que não cursa com deficiência auditiva. Isso não exclui a necessidade de observação, muito menos de mais estudos que possam avaliar tal risco.
Quanto aos indivíduos que perderam a audição ao longo da vida, e usam aparelhos auditivos, estudos mostram que aqueles que utilizam aparelhos auditivos não apresentam a mesma incidência no desenvolvimento de demências, quando comparados aos indivíduos com declínio na capacidade auditiva, que não usam aparelho auditivo. Ou seja, o uso do aparelho ajuda a reduzir o risco de desenvolvimento de demência, já que estimula as vias auditivas, beneficia a cognição e melhora a qualidade de vida.
Mas, e aí, o que podemos fazer quanto a isso?
Bom, o óbvio, né? Cuidar da nossa audição. Incluir, no nosso check-up anula, exames que avaliem a capacidade auditiva, evitar o uso prolongado de fones intra-auriculares, de fones sem isolamento acústico (faz com que a gente aumente o volume) e sons altos.
No ayurveda, o mau uso dos órgãos dos sentidos está entre as principais causas de desenvolvimento de doenças. O hábito moderno de passar grande parte do dia olhando para telas e usando fones de ouvido (ou nunca ficar em completo silêncio) é um comportamento adoecedor na visão do ayurveda.
Inclusive, o zumbido no ouvido, sintoma que pode estar associado à muitos casos de perda auditiva, é um sintoma comum de distúrbio de vata dosha, que está correlacionado com comprometimentos do sistema nervoso central.
Então, bora cuidar da nossa audição?
Em caso de dúvidas quanto à sua audição, procure um otorrinolaringologista.
Referências:
– ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer)
– PMID: 32871106
– PMID: 31335455
– https://doi.org/10.1016/S2468-2667(23)00048-8
– PMID: 31557539
– PMID: 29704910
– PMID: 29222544
– PMID: 32826080
– SCIE (Social Care Institute for Excellence)