Fazer palavras cruzadas é bom para o cérebro? E sudoku?
Durante muito tempo acreditou-se que preencher alguns quadradinhos com letras ou números era o suficiente para manter o cérebro saudável e funcionante.
No entanto, hoje sabemos que cultivar a saúde cerebral vai além, é sobre estilo de vida!
O que você come, quanto você se movimenta, e como é seu sono são alguns dos pilares que você deve prestar atenção se deseja um cérebro mais potente.
Abaixo deixo 7 hábitos de extrema importância para que você tenha um cérebro saudável:
1 – Sono:
Sim, dormir é uma das coisas mais importantes para a saúde do cérebro. Aliás, vou fazer uma correção. É a coisa mais importante, em termos de estilo de vida, para ter um cérebro saudável!
Aqui você deve observar dois fatores: tempo e qualidade.
Adultos precisam de, pelo menos, 7 horas de sono por noite. E a qualidade desse sono é imprescindível para o bom funcionamento do cérebro!
Ou seja, se você acorda todo dia achando que um caminhão passou por cima de você, talvez esteja na hora de avaliar seus hábitos de vida, ou até procurar ajuda profissional.
Sei que existem fases na vida, como quando um bebê chega na família, em que o sono acaba não sendo priorizado. Porém, na medida do possível, é preciso lembrar que sono não é luxo, é necessidade! Toda mãe ou pai sabe muito bem do que estou falando.
Um sono de qualidade ajuda a consolidar memórias, regular secreções hormonais e até melhorar sua criatividade!
E lembre-se! O ser humano não é, nem nunca foi, um animal noturno! A noite foi feita para dormir. Mesmo que sua versão xóven-baladeira tenha duvidado disso (a minha não duvidou, mas varou muitas noites…ah, a ignorância da juventude…).
2 – Movimento:
Tenha absoluta certeza, não evoluímos como espécie sentados 12 horas por dia.
Nosso corpo foi feito para se movimentar, não é à toa que somos cheios de articulações.
O movimento é extremamente importante para a saúde do cérebro! Existem inúmeros estudos que comprovam o quão benéfica a atividade física é para o cérebro e para a prevenção de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Mesmo que você faça 1 hora de atividade física diariamente, evite passar o resto do dia parada. Use a escada, vá andando, se alongue ou dance uma música que goste a cada x minutos sentada. Não só seu cérebro, mas sua lombar 30+ também agradecerá!
3 – Nutrição:
Comida e sim, muitos vegetais.
Ao contrário do que a indústria (e alguns autores de livros) gostam de fazer você acreditar, você não precisa de muita proteína animal para ser saudável.
Nem seu cérebro.
Estudos indicam que uma alimentação baseada em plantas é a que traz mais benefícios para a saúde cerebral. Isso não significa ser vegana, nem vegetariana. E sim ter um padrão alimentar onde o protagonismo é dos vegetais. Legumes, verduras, frutas, leguminosas e cereais integrais. Além das gorduras boas provenientes do azeite, das castanhas, nozes e sementes.
Porém, talvez o mais importante seja o volume de produtos alimentícios e bebidas açucaradas que as pessoas consomem hoje em dia. No final, o que separa você das populações mais longevas do planeta, é a ausência de produtos refinados e altamente industrializados na dieta delas.
Caso você se interesse, deixo aqui a referência de alguns estudos:
Doi 10.1016/j.amjmed.2022.03.022
Doi 10.1186/s12877-022-02939-2
Doi 10.1212/WNL.0000000000004815
4 – Conexão:
Apesar do crescimento da tecnologia deixar uma impressão contrária, somos seres sociais.
Sim, alguns mais, outros menos. Porém, é de conhecimento de todos que evoluímos por vivermos em bando, não sozinhos.
O contato regular com pessoas que amamos é necessário para a saúde cognitiva.
Quando nascemos, esse contato nos traz não só o sentimento de amor e proteção, mas também a redução do estresse. E isso não muda quando nos tornamos adultos.
Quem nunca sentiu uma imenso alívio emocional, mesmo no meio de um turbilhão de coisas acontecendo, ao se encontrar com uma amiga querida ou um parente amado?
Interagir com outras pessoas ativa muitas funções no nosso cérebro, como o pensamento lógico, a intuição e a capacidade de ser empática. O isolamento social é um dos fatores de risco para o desenvolvimento do Alzheimer.
Todos nós (ou quase todos) precisamos de alguns momentos de solitude, mas a solidão realmente pode adoecer.
5 – Calma:
Talvez o item mais desafiador dessa lista, a julgar pela velocidade de tudo e todos nesse mundo moderno.
O estresse é necessário para nossa vida. Ele foi primordial para nossa sobrevivência até os dias de hoje. Porém, vivemos uma era de estresse crônico. Estamos o tempo todo em estado de luta ou fuga, seja por conta do trânsito ou do prazo para entrega de um trabalho.
Você não tem que correr de um leão, mas sente que tem um atrás de você o tempo todo. E isso faz nosso corpo, e cérebro, ficarem desequilibrados. O estresse crônico é ponte para inúmeras doenças, porém é um fator de estilo de vida completamente modificável.
Para começar, é bom entender que muitas coisas estão fora do seu controle. Ou seja, não adianta se estressar por algo que você não tem realmente como mudar ou resolver. Só aí você já vai economizar muitas baforadas. É difícil? Pra caramba! Mas, mais difícil que isso, é ter um AVC aos 40 anos, por causa de estresse.
É preciso achar um momento de calma no meio do caos. Aprender a respirar (por incrível que pareça, muita gente não sabe), encontrar (ou retomar) um hobby que te faça se desconectar da turbulência diária e entrar numa espécie de transe mental, sabe? Para alguns dança, para outros cerâmica, marcenaria, pintura, leitura…
6 – Desafios:
“Peraí, Vanessa, você me diz para não me estressar, e agora quer falar de desafio?”
Lembre-se do item acima e calma, eu explico.
Ao contrário do que muita gente pensa, não é só na infância que somos capazes de aprender coisas novas. Seu cérebro é sim capaz de fazer novas conexões neurais ao longo da vida. A tal da neuroplasticidade.
Se engajar em novas atividades e experiências, desafiando seu cérebro a sair da zona de conforto reduz o risco de desenvolver declínio cognitivo relacionado à idade. Aprender uma nova língua, a tocar um instrumento, a cozinhar…tudo aquilo que você ainda não sabe, e faz com que seu cérebro precise fazer novas conexões para que esses aprendizados se tornem realmente aprendizados.
Uma vez escutei (ou li) uma frase que gosto muito: “Nós não paramos de brincar e aprender porque ficamos velhos. Nós ficamos velhos porque paramos de brincar e aprender.”
Pense nisso.
E sim, você pode continuar fazendo palavras cruzadas, caso goste. Porém, no quesito desafios, aprender uma nova língua, por exemplo, é capaz de trazer bem mais conexões neurais do que lembrar de uma palavra que você já sabe.
7 – Propósito:
Sim, aquela palavra que ficou batida e até virou motivo de chacota nos últimos anos.
Deixando de lado o papo de guru, a verdade é que viver uma vida com propósitos está relacionado à uma melhor saúde cognitiva, emocional e até longevidade.
Propósito não precisa ser místico, nem profissional. Propósito pode ser cuidar daqueles que você ama, se sentir útil para alguém ou alguma causa, nutrir sentimentos de amor, gratidão e compaixão.
Com certeza eu poderia fazer uma lista bem mais extensa, mas acredito que aqui já tem passos suficientes para que você cultive um cérebro saudável.
É importante deixar claro que nenhum post aqui substitui a orientação de um profissional de saúde.
Un gros câlin et à la prochaine!