Yoga para Vata Dosha

Dizemos que Ayurveda e Yoga são ciências irmãs. Ambas datam de mais de 5 mil anos atrás e são complementares para quem busca saúde e equilíbrio em todos os corpos: físico e sutil.

Como já falamos aqui, o dosha Vata é composto pelos elementos ar e éter (espaço), sendo algumas de suas características principais a leveza, a secura, o movimento e a temperatura fria.
Quem é vata, por sua própria natureza, costuma optar por práticas mais fluidas, como o vinyasa, com muito movimento e calor.
Dentro da Ayurveda trabalhamos com um conceito muito simples, que é: “Semelhante aumenta semelhante, e oposto diminui oposto”. E o que isso quer dizer?
Imagine que uma pessoa tem as articulações bem secas, com pouca lubrificação, que estalam com bastante facilidade. Quando essa pessoa pratica atividades que a fazem suar bastante, ela está perdendo líquido (água e também óleo da pele). E quanto mais líquido algo perde, mais seco fica. Ou seja, no caso que citei acima, onde uma pessoa tem as articulações bem secas, se ela pratica com frequência atividades em que ela sua muito, e não equilibra isso de alguma maneira, a tendência é que suas articulações fiquem cada vez mais secas e frágeis.

Isso é típico de vata (oi quirida, turubom?).

Uma prática para equilibrar vata dosha, é uma prática que vai aumentar o calor, mas que, não necessariamente, vai fazer a pessoa pingar de suor (como numa aula de hot yoga). É uma prática que vai acalmar e aterrar a mente agitada e aérea de vata, trazendo uma sensação de tranquilidade e segurança. Vata precisa praticar posturas que trabalhem a segurança e o equilíbrio, pois costumam ser inseguros e ansiosos.

E como então podemos trabalhar esses aspectos em vata?
Posturas de flexão de coluna, como uttanasana, são excelentes para acalmar o sistema nervoso central. Asanas que trabalham o primeiro chakra, muladhara, e também exigem da musculatura, como um virabhadrasana II (guerreiro 2) e devyasana (deusa), são muito bons, pois equilibram e aquecem o corpo de vata, de uma forma não extenuante.
Vatas tem tendência a apresentar mais fragilidade na parte inferior da coluna, lombar e sacro. Por isso, posturas que relaxam e/ou fortalecem essa área, como balasana, setu bhandasana e chakravakasana são muito bons.

Hatha yoga costuma ser mais indicada para vata, por ter mais permanência nas posturas do que uma prática de vinyasa, que tem muito movimento e tende a desequilibrar vata. Mas acredito que tudo na vida pode ser adaptado, assim como a prática de yoga. Então, para um vata que ama vinyasa, o interessante é procurar uma prática que seja movimentada, mas não uma dança em que a pessoa não fica nem 2 ciclos de respiração na postura, e trabalhe a presença no asana. Passando de um asana pro outro com foco e atenção, usando a musculatura com consciência, e mantendo uma respiração constante.
Começar a prática com alguns ciclos de surya namaskar, de forma bem consciente nas transições e respiração, é ótimo para vata, pois já vai aquecendo seu corpo e focando sua mente na prática.

Por falar em respiração, pranayamas que aquecem podem parecer bons para vata, mas, como costumam ser mais rápidos do que outros, nem sempre são uma boa ideia, já que aumentam o movimento, característica em abundância em vata. Pranayamas como nadi shodhana e a respiração yogi podem ser melhores opções, por trabalharem o equilíbrio das polaridades e a aquietação da mente, que precisa se concentrar inteiramente no que está fazendo.

Existem muitas formas de trabalharmos os doshas dentro da prática de yoga. Devemos lembrar sempre que cada pessoa é única, e apresenta um leque de características físicas, psicológicas, emocionais e metabólicas muito mais complexas e ricas do que uma simples tabela do que fazer ou não fazer é capaz de abordar. As dicas são apenas para dar um norte, e talvez olhar algo de outra perspectiva, não uma regra.

Em breve, dicas para Pitta Dosha.

Namastê

 

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